
Ao longo de toda sua extensão o Bioma Cerrado pode ser caracterizado basicamente pela predominância das formações de cerrado stricto sensu (savanas) na paisagem. Contudo, o bioma não é formado somente por savanas, também abrigando formações vegetais que vão de campos limpos a exuberantes florestas (que podem estar ou não associadas a cursos d’água). Mas qual seria, então, o fator responsável pela atual proporção entre as formações florestais, savânicas e campestres ao longo do bioma
Atualmente é amplamente aceito que clima, solos e fogo são altamente interativos nos seus efeitos sobre a vegetação no Bioma Cerrado. Apesar de fundamental importância, chuvas sazonais e baixa fertilidade de solo parecem ser insuficientes para explicar a presente distribuição da vegetação de savana ao longo do bioma. Por exemplo, vastas áreas no sudeste do Brasil com forte sazonalidade pluviométrica e solos com baixos teores de nutrientes (como o leste de Minas Gerais) têm uma cobertura contínua de florestas semidecíduas e não são ocupadas por cerrado.
O fogo assume, então, papel de fator chave para explicar a atual proporção entre as diferentes formações vegetais no bioma. Porém, dizer simplesmente que o fogo é um componente natural no Cerrado acaba por encobrir o principal responsável pela sua ocorrência na atualidade: o próprio homem, e deliberadamente na maior parte dos casos. - O fogo é natural do Cerrado VÍRGULA - A ocupação humana na região alterou drasticamente o regime natural das queimadas (época do ano e freqüência) trazendo conseqüências para estrutura da vegetação e sua composição florística. Não estamos falando aqui somente da ocupação pelos sertanejos contemporâneos. A literatura é abundante em evidências de que o homem toca fogo no Cerrado há pelo menos 10.000 anos.
Se parece razoável supor que raios são o principal agente causador de queimadas naturais, devemos considerar que sua maior incidência está concentrada durante a estação das chuvas, quando o teor de umidade na superfície do solo e na vegetação está bem mais elevado. Freqüência, intensidade e extensão das queimadas eram bem menores quando o fogo no Cerrado ocorria apenas (ou predominantemente) devido a causas naturais.
O fogo em alta freqüência tende a favorecer as fisionomias mais abertas, como os campos, onde há espécies que florescem e frutificam em abundância após as queimadas, nos proporcionando belos espetáculos. Entretanto, o esplendor pós-fogo proporcionado pela floração de algumas espécies ofusca a gradual perda de diversidade e drástica alteração na estrutura da vegetação que ocorrem quando as queimadas são muito freqüentes.
O fogo assume, então, papel de fator chave para explicar a atual proporção entre as diferentes formações vegetais no bioma. Porém, dizer simplesmente que o fogo é um componente natural no Cerrado acaba por encobrir o principal responsável pela sua ocorrência na atualidade: o próprio homem, e deliberadamente na maior parte dos casos. - O fogo é natural do Cerrado VÍRGULA - A ocupação humana na região alterou drasticamente o regime natural das queimadas (época do ano e freqüência) trazendo conseqüências para estrutura da vegetação e sua composição florística. Não estamos falando aqui somente da ocupação pelos sertanejos contemporâneos. A literatura é abundante em evidências de que o homem toca fogo no Cerrado há pelo menos 10.000 anos.
Se parece razoável supor que raios são o principal agente causador de queimadas naturais, devemos considerar que sua maior incidência está concentrada durante a estação das chuvas, quando o teor de umidade na superfície do solo e na vegetação está bem mais elevado. Freqüência, intensidade e extensão das queimadas eram bem menores quando o fogo no Cerrado ocorria apenas (ou predominantemente) devido a causas naturais.
O fogo em alta freqüência tende a favorecer as fisionomias mais abertas, como os campos, onde há espécies que florescem e frutificam em abundância após as queimadas, nos proporcionando belos espetáculos. Entretanto, o esplendor pós-fogo proporcionado pela floração de algumas espécies ofusca a gradual perda de diversidade e drástica alteração na estrutura da vegetação que ocorrem quando as queimadas são muito freqüentes.

Os planos e ações de prevenção e controle do fogo normalmente são desarticuladas, as campanhas publicitárias de conscientização veiculadas nos grande meios de comunicação parecem errar o alvo, pois são focadas nos “motoristas descuidados”. O trabalho das brigadas de incêndio torna-se inglório, pois, por mais fogo que se apague mais fogo virá. Está claro para mim que a maneira mais eficiente de combater as queimadas é antes que elas ocorram, por meio de programas e ações de educação em várias frentes. O que pode ser feito com a formulação de políticas públicas integradas, incorporando a questão das causas e efeitos do fogo no Cerrado, que contemplem e articulem os diversos agentes na região e suas respectivas unidades de gestão (sejam propriedades particulares, unidades de conservação, municípios, etc.). Ninguém vai resolver sozinho o problema das queimadas, pois como se diz: o fogo anda e todos temos vizinhos.
Referências e sugestões bibliográficas:
Hoffmann, W.A. & Moreira, A.G. 2002. The Role of Fire in Population Dynamics of Woody Plants. In Oliveira, P. S. e Marquis, R. J., eds., The Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna, pp. 159-177. Nova York. Columbia University Press.
Ledru, M. 2002. Late Quaternary History and Evolution of the Cerrados as Revealed by Palinological Records. In Oliveira, P. S. e Marquis, R. J., eds., The Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna, pp. 33-50. Nova York. Columbia University Press.
Miranda, H. S. 2000. Queimadas de Cerrado: Caracterização e impactos na vegetação. In Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do DF, pp.133-149. Brasília: Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Miranda, H. S., E. P. Rocha e Silva, e A. C. Miranda. 1996. Comportamento do fogo em queimadas de campo sujo. In H. S. Miranda, C. H. Saito e B. F. S. Dias, eds., Impactos de Queimadas em Áreas de Cerrado e Restinga, pp1-10. Brasília: ECL/Universidade de Brasília.
Miranda, H. S., Bustamante, M. M. C. & Miranda, A. C. 2002. The Fire Factor. In Oliveira, P. S. e Marquis, R. J., eds., The Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna, pp. 51-68. Nova York. Columbia University Press.
Hoffmann, W.A. & Moreira, A.G. 2002. The Role of Fire in Population Dynamics of Woody Plants. In Oliveira, P. S. e Marquis, R. J., eds., The Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna, pp. 159-177. Nova York. Columbia University Press.
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